Roseana nomeia como secretário-adjunto de Inteligência acusado em inquérito da PF de vazar informações sigilosas à família Sarney
Acusado em inquérito da Polícia Federal de vazar informações sigilosas à família Sarney, o segurança do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), passou a chefiar a área responsável pelo sistema de grampos da Secretaria da Segurança Pública do Maranhão.
Agente da PF, Aluísio Guimarães Mendes Filho é desde abril o secretário-adjunto de Inteligência. Foi alçado ao posto pela governadora Roseana Sarney (PMDB).
Embora ocupe o cargo de secretário-adjunto, Aluísio continua na função de segurança do senador. Na semana passada, viajou a Brasília para acompanhar Sarney no Senado.
Conforme a PF, o governo do Maranhão pediu ao Ministério da Justiça que o agente seja cedido ao Estado, mas ainda não há decisão sobre a solicitação.
A pasta que Aluísio assumiu comanda o sistema Guardião, capaz de grampear simultaneamente conversas telefônicas de 300 celulares e 48 telefones fixos. Avaliado em R$ 1 milhão, o sistema foi doado pelo Ministério da Justiça em 2007 -é o mesmo usado pela PF.
Usado na investigação de crimes, o programa de computador foi concebido para deixar arquivados os dados de todas as escutas telefônicas que realizou. Por isso pode sofrer auditorias a pedido de advogados.
Apesar dessa segurança, em março passado, um ex-funcionário da Secretária da Segurança Pública do Rio Grande do Sul afirmou que o Guardião foi utilizado em grampo ilegal.
Em texto que assinou na Folha em junho de 2008, com título "O perigo telefone", Sarney tratou do tema das escutas e disse que "nos Estados a coisa é mais primária". "Várias unidades da Federação criaram Abins [agências de inteligência], inclusive o Maranhão, todas têm o famoso Guardião."
No ano passado, a PF flagrou Aluísio passando à família Sarney informações sigilosas da Operação Boi Barrica, cujo alvo era um dos filhos do senador, Fernando Sarney, suspeito de tráfico de influência, crimes contra o sistema financeiro e crime eleitoral.
A PF chegou a pedir a prisão preventiva do segurança, mas a Justiça negou. Depois, foi aberto um inquérito para apurar a atuação de Aluísio, acusado de violação de sigilo funcional.
As conversas gravadas pela PF mostram que Fernando recorreu a Aluísio por suspeitar que seu motorista em Brasília, Marco Antônio Bogea, estava sendo seguido. De fato, os agentes da PF monitoraram Bogea durante uma viagem que ele fez de São Paulo a Brasília, portando uma valise "em atitude bastante suspeita". Conforme a PF, Aluísio acionou informantes seus dentro da corporação em Brasília e São Paulo.
A PF captou, com autorização judicial, conversas entre Aluísio e o filho de Sarney.
Aluísio: "Fiz o contato lá em São Paulo, só preciso do nome completo do Marcos".
Fernando: "Marco Antonio Bogea".[...].
Aluísio: "É uma solicitação da diretoria geral de investigação de crime financeiro de Brasília. Eles pediram a colaboração da Superintendência de São Paulo, só passaram o retrato falado, o nome do Marco, o voo que estava indo".[...]
Aluísio: "A orientação é aquela, é para ele ir embora. Se ele for abordado, pergunta do que se trata, se tem alguma intimação oficial, não, então, se vocês quiserem falar comigo, me manda uma intimação oficial".
Os delegados responsáveis pela Boi Barrica, no pedido de prisão de Aluísio, escreveram que "o teor dos diálogos transcritos demonstra claramente que o agente Aluísio, que trabalha como segurança do senador José Sarney, repassou informações privilegiadas ao grupo".
Roberto Stuckert Filho - O Globo
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Bandido só se junta com bandido, né?!
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